OS PENSADORES CLÁSSICOS DO
ILUMINISMO
Voltaire (1694-1778) François-Marie Arouet, mais conhecido por seu
pseudônimo Voltaire, era crítico ferrenho do absolutismo, da nobreza e da
religião. Influenciado pelas ideias de Locke, com as quais teve contato durante
o seu exílio na Inglaterra, defendia que os direitos naturais do homem deveriam
ser garantidos pelo governo. Não era, contudo, um democrata, sendo suas ideias
seguidas pelos chamados déspotas esclarecidos.
Em Cândido, ou O otimismo, sua
obra mais importante, Voltaire demonstra a importância da razão e expõe suas
críticas a tudo que limitasse o seu desenvolvimento, seja a Igreja, os costumes
franceses ou a autoridade política. Apesar de suas críticas à religião, não era
ateu, e sim, deísta, ou seja, acreditava na existência de um deus racional,
arquiteto do universo.
Voltaire se destacou nas lutas
contra a tortura, as prisões arbitrárias e a pena de morte. Além disso, foi
defensor radical da liberdade de expressão. É atribuída a ele a frase: “Posso
não concordar com nenhuma das palavras que você diz, mas defenderei até a morte
o direito de você dizê-las”.
Montesquieu (1689-1755) Charles Louis Secondat, o barão de
Montesquieu, escreveu anonimamente o livro Cartas Persas, em que narra a viagem
de dois persas à França de Luís XIV, retratando de maneira crítica e irônica os
costumes e os abusos cometidos pelo Estado francês e pela Igreja.
Outra das suas obras, o Espírito
das Leis, influenciou tanto a Independência das Treze Colônias quanto a
Revolução Francesa. Nela, Montesquieu afirma não haver um governo ideal, mas
que as formas de se governar e as leis devem surgir a partir do contexto
histórico e da realidade concreta. Clima, costumes e tamanho do território
devem influir na forma como cada Estado se organiza.
Montesquieu foi responsável pela
formulação da teoria do equilíbrio entre os poderes. Para ele, é natural que o
homem abuse do poder, sendo possível, desse modo, que os governos acabem se
convertendo ao despotismo. Para que isso não ocorra, deveria haver, portanto,
um equilíbrio entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, de forma a
garantir a liberdade e impedir que um dos poderes tenha força excessiva.
Denis Diderot (1713-1784) Filósofo e escritor, Diderot criticava a
Igreja e os excessos da tirania. Sua mais conhecida afirmação teria sido: “O
homem só será livre quando o último déspota for estrangulado com as entranhas
do último padre”. Sua principal obra foi a Enciclopédia, que, organizada,
juntamente com Jean D’alembert (1718-1783), em dezenas de volumes, tentava
abranger todo o conhecimento humano. Contando com textos de Montesquieu,
Voltaire e Rousseau, sua intenção era divulgar o pensamento iluminista e as
ideias racionais, o que acabou levando à censura da obra. A importância da
Enciclopédia reside no fato de a obra proporcionar uma forma de conhecimento
desvinculada das autoridades políticas e religiosas.
Jean-Jacques Rousseau
(1712-1778) Considerado um dos mais
radicais dos homens do Iluminismo, o pensador de origem suíça se afastou, em
alguns pontos, das ideias de seus contemporâneos. Seus ideais serviram de inspiração
para a radicalização política ocorrida na fase jacobina da Revolução Francesa.
Diferentemente dos demais
iluministas, Rousseau contestava a excessiva valorização da razão e realçava a
importância das paixões para a conservação da vida do homem. Acreditava que a
sociedade havia corrompido o homem, que, naturalmente, era bom. Em Emílio,
romance pedagógico, por exemplo, o autor mostra como a educação pode tornar a
criança um adulto bom, evitando que ela seja corrompida pela vida em sociedade.
Tais fatos colaboraram, portanto, para a formação do mito do “bom selvagem” e
zeram de Rousseau um dos precursores do Romantismo.
Suas críticas à propriedade
privada, presentes em seu livro Discurso sobre a origem e fundamento da
desigualdade, também contrariavam o que defendiam os demais iluministas.
Considerava que o surgimento da desigualdade se relacionava à instauração da
propriedade e era a razão de muitos dos males da vida em sociedade.
Em Do Contrato Social, Rousseau,
assim como Hobbes e Locke, utiliza a teoria contratualista. No entanto, nesse
caso, a teoria justificava o surgimento de um Estado de caráter democrático, no
qual o povo seria soberano, prevalecendo sempre a vontade geral. Dessa forma, a
corrupção seria evitada, e a liberdade seria garantida para a população em
geral. A ideia de vontade geral foi fundamental para a formação do conceito
democrático moderno de governo da maioria.
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