JK: “50 ANOS EM 5”
Na eleição
presidencial de 1955, o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB) se aliaram, lançando como candidato Juscelino
Kubitschek para presidente e João Goulart para vice-presidente. A União Democrática
Nacional (UDN) e o Partido Democrata Cristão (PDC) disputaram o pleito com
Juarez Távora. Também concorreram os candidatos Adhemar de Barros e Plínio
Salgado. Juscelino Kubitschek venceu as eleições. O vice-presidente Café Filho
havia substituído Getúlio Vargas na presidência da República. Porém, antes de
terminar o mandato, problemas de saúde provocaram o afastamento de Café Filho.
Quem assumiu o cargo foi o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz.
Rumores de
um suposto golpe, tramado pelo presidente em exercício Carlos Luz, por
políticos e militares pertencentes a UDN contra a posse de Juscelino Kubitschek
fizeram com que o ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott,
mobilizasse tropas militares que ocuparam importantes prédios públicos,
estações de rádio e jornais. O presidente em exercício Carlos Luz foi deposto.
Foi empossado provisoriamente no governo o presidente do Senado, Nereu Ramos,
que se encarregou de transmitir os cargos a Juscelino Kubitschek e João
Goulart, a 31 de janeiro de 1956. A intervenção militar assegurou, portanto, as
condições para posse dos eleitos.
O governo
de Juscelino Kubitschek entrou para história do país como a gestão presidencial
na qual se registrou o mais expressivo crescimento da economia brasileira. Na
área econômica, o lema do governo foi "Cinquenta anos de progresso em
cinco anos de governo". Para cumprir com esse objetivo, o governo federal
elaborou o Plano de Metas, que previa um acelerado crescimento econômico a
partir da expansão do setor industrial, com investimentos na produção de aço,
alumínio, metais não ferroso, cimento, álcalis, papel e celulose, borracha,
construção naval, maquinaria pesada e equipamento elétrico.
O Plano
de Metas teve pleno êxito, pois no transcurso da gestão governamental a
economia brasileira registrou taxas de crescimento da produção industrial
(principalmente na área de bens de capital) em torno de 80%.
A prioridade dada pelo governo
ao crescimento e desenvolvimento econômico do país recebeu apoio de importantes
setores da sociedade, incluindo os militares, os empresários e sindicatos
trabalhistas. O acelerado processo de industrialização registrado no período,
porém, não deixou de acarretar uma série de problemas de longo prazo para a
econômica brasileira.
O governo
realizava investimentos no setor industrial a partir da emissão monetária e da
abertura da economia ao capital estrangeiro. A emissão monetária (ou emissão de
papel moeda) ocasionou um agravamento do processo inflacionário, enquanto que a
abertura da economia ao capital estrangeiro gerou uma progressiva
desnacionalização econômica, porque as empresas estrangeiras (as chamadas
multinacionais) passaram a controlar setores industriais estratégicos da
economia nacional.
O controle
estrangeiro sobre a economia brasileira era preponderante nas indústrias
automobilísticas, de cigarros, farmacêutica e mecânica. Em pouco tempo, as
multinacionais começaram a remeter grandes remessas de lucros (muitas vezes
superiores aos investimentos por elas realizados) para seus países de origem.
Esse tipo de procedimento era ilegal, mas as multinacionais burlavam as
próprias leis locais. Portanto, se por um lado o Plano de Metas alcançou os
resultados esperados, por outro, foi responsável pela consolidação de um
capitalismo extremamente dependente que sofreu muitas críticas e acirrou o
debate em torno da política desenvolvimentista.
A gestão de
Juscelino Kubitschek também foi marcada pela implementação de um ambicioso
programa de obras públicas com destaque para construção da nova capital
federal, Brasília. Em 1956, já estava à disposição do governo a lei nº 2874 que
autorizada o Executivo Federal a começar as obras de construção da futura
capital federal. Em razão de seu arrojado projeto arquitetônico, a construção
da cidade de Brasília tornou-se o mais importante ícone do processo de
modernização e industrialização do Brasil daquele período histórico. A nova
cidade e capital federal foi o símbolo máximo do progresso nacional e foi
considerada Patrimônio Cultural da Humanidade. O responsável pelo projeto
arquitetônico de Brasília foi Oscar Niemeyer, que criou as mais importantes
edificações da cidade, enquanto que o projeto urbanístico ficou a cargo de
Lúcio Costa. Por conta disso, destacam-se essas duas personalidades, mas é preciso
ressaltar que administradores ligados ao presidente Juscelino Kubitschek, como
Israel Pinheiro, Bernardo Saião e Ernesto Silva também foram figuras
importantes no projeto. As obras de construção de Brasília duraram três anos e
dez meses. A cidade foi inaugurada pelo presidente, a 21 de abril de 1960.
O governo
Juscelino Kubitschek, popularmente chamado de JK, em particular a construção da
cidade de Brasília, não esteve a salvo de críticas dos setores oposicionistas.
No Congresso Nacional, a oposição política ao governo de JK vinha da União
Democrática Nacional (UDN). A oposição ganhou maior força no momento em que as
crescentes dificuldades financeiras e inflacionárias (decorrentes
principalmente dos gastos com a construção de Brasília) fragilizaram o governo
federal. A UDN fazia um tipo de oposição ao governo baseada na denúncia de
escândalos de corrupção e uso indevido do dinheiro público. A construção de
Brasília foi o principal alvo das críticas da oposição. No entanto, a ação de
setores oposicionistas não prejudicou seriamente a estabilidade governamental
na gestão de JK.
Em
comparação com os governos democráticos que antecederam e sucederam a gestão de
JK na presidência da República, o mandato presidencial de Juscelino apresenta o
melhor desempenho no que se refere à estabilidade política.
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