AS ESTRUTURAS PARA CONQUISTA DA AMÉRICA
Apesar de patrocinar a viagem que
levou à chegada na América e de empreender esforços diplomáticos para garantir
o controle das novas terras, a Coroa espanhola não investiu recursos
financeiros no processo inicial de Conquista. O comprometimento com as questões
políticas europeias impediu os monarcas Fernando de Castela e Carlos V, reis do
período da Conquista, de deslocarem recursos públicos no projeto de domínio das
chamadas Índias Ocidentais.
A criação do sistema de
capitulações, nesse contexto, mostrou-se e ciente em solucionar os problemas
referentes à América. Esse sistema foi marcado pela concessão do direito de
exploração das novas regiões para um explorador particular, responsável por
todos os recursos a serem despendidos no processo de Conquista.
O contratante das capitulações
teria, em contrapartida, o direito vitalício de exploração das novas terras, o
controle das cidades fundadas e o comando das jurisdições civil e criminal,
além de empreender o processo de evangelização dos gentios.
Dentro das obrigações dos
primeiros exploradores, cava o importante encargo do pagamento do quinto, ou
seja, 20% de toda a riqueza saqueada dos povos nativos. Além disso, o
explorador deveria conceder o monopólio de exploração das áreas fornecedoras de
minerais preciosos ao governo metropolitano.
Caso conseguisse obter sucesso no
projeto de Conquista, adquiriria o título de adelantado, expressão utilizada na
Espanha para designar os líderes militares que, em nome do rei, comandavam as
regiões dominadas na luta de Reconquista.
Esses primeiros conquistadores
eram, em sua maioria, fidalgos da pequena nobreza e populares, sedentos de
riquezas, de títulos e de terras. O primeiro adelantado foi Cristóvão Colombo,
quando lhe foi concedida a capitulação de Santa Fé. Porém, os que mais se
destacaram na exploração do Novo Mundo foram Hernán Cortez e Francisco Pizzaro,
conquistadores dos impérios Asteca e Inca, respectivamente.
O processo de dominação das
comunidades indígenas, apesar da profunda resistência empreendida pelos
nativos, mostrou-se relativamente bem-sucedido. Alguns fatores justificam o
sucesso dos espanhóis:
● superioridade bélica: O
uso de armas de fogo e de armaduras facilitou a dominação sobre os indígenas,
que não possuíam sofisticação bélica nos moldes europeus.
● Uso da cavalaria: Além
da fácil mobilidade, os cavalos eram
desconhecidos pelos povos americanos, causando espanto e terror. Estes chegavam
a crer que cavaleiro e cavalo compunham um só corpo, ficando estupefatos quando
os espanhóis se deslocavam independentes de seus animais.
● crenças e presságios:
Muitos espanhóis foram confundidos com deuses esperados pelos povos nativos,
como ocorreu com Cortez no domínio dos Astecas. Além disso, as profecias que
noticiavam calamidades entre os ameríndios acabaram por enfraquecer o moral dos
nativos na luta de resistência contra os invasores.
● Doenças: Responsáveis pelo extermínio de
centenas de milhares de índios, as doenças europeias, como a varíola,
contribuíram para o processo de domínio, mesmo não fazendo
parte do projeto inicial de Conquista.
A violência exercida pelos
primeiros conquistadores foi responsável pelo abalo das estruturas políticas,
sociais e religiosas dos ameríndios. O domínio espanhol foi marcado por uma
clara imposição dos elementos socioculturais europeus, com destaque para a
transferência da fé católica para o Novo Mundo. Isso se deu por meio do rápido
erguimento de igrejas e pelas missões jesuíticas, responsáveis pela
evangelização dos gentios nas regiões mais longínquas da América Ibérica.
A sobreposição de Nossa Senhora
de Guadalupe sobre o mito da serpente emplumada Quetzalcoatl, por exemplo,
assinala o esforço do domínio cristão nas novas regiões conquistadas. Após a
descoberta das primeiras jazidas de prata na região do Alto Peru, a Coroa
espanhola optou por assumir um controle maior da região colonial da América,
retirando os poderes concedidos aos adelantados e impondo complexas estruturas
administrativas.
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