A FORMAÇÃO DO ESTADO PORTUGUÊS


A FORMAÇÃO DO ESTADO PORTUGUÊS
Portugal foi o primeiro Estado centralizado da Europa. Seu processo de formação esteve intimamente relacionado ao movimento de Reconquista, travada contra os muçulmanos, considerados inimigos pela cristandade. Ao nobre francês Henrique de Borgonha, que havia lutado contra os muçulmanos, foi doado por Afonso VI, no século XI, o condado Portucalense, que se estendia desde o norte da Península Ibérica até o Rio Tejo. O condado, desse modo, passou a ser governado pela dinastia Borgonha, composta de vassalos dos reis de Leão. Os Borgonha, todavia, promoveram a crescente autonomia da região, especialmente durante o reinado de Afonso Henriques, lho de Henrique de Borgonha, que coincidiu com a retomada da região de Algarves, ao sul da Península Ibérica.
Os reis de Borgonha promoveram a centralização por meio das seguintes medidas: 
•concessões das cartas de franquia que libertavam as cidades do domínio dos senhores feudais;  •expansão dos domínios territoriais portugueses;  •instituição da Lei das Sesmarias, que determinava a perda da posse pelos nobres, caso eles não tornassem suas terras produtivas;  •estímulo à libertação dos servos e transformação destes em trabalhadores assalariados.
Os portugueses foram bene ficiados, ainda, pela guerra entre França e Inglaterra, durante o século XIV. Posto que o conflito instalado interrompeu as rotas comerciais que cortavam a Europa Central, a solução foi a criação de rotas marítimas que permitissem o comércio entre o norte europeu e as cidades italianas passando por Portugal. Essas rotas colaboraram para o desenvolvimento das cidades do litoral lusitano, o que fortaleceu a classe mercantil portuguesa.
As atividades comerciais sofreram expansão durante esse período, com destaque para a pesca e para a navegação de cabotagem, isto é, entre os portos do país, pelo litoral ou por vias fluviais. A morte de D. Fernando I, último rei da dinastia Borgonha, deu início a uma crise sucessória. O fato de a herdeira do trono ser casada com o rei João, de Castela, poderia levar Portugal a se unir a esse reino e dominá-lo, o que era desejo de uma parte da tradicional nobreza portuguesa, comandada pela viúva do rei, Dona Leonor Teles.
Opunha-se a essa possibilidade uma facção formada pela burguesia, pela pequena nobreza e pela população urbana (a arraia-miúda), que defendia a ascensão ao trono de D. João I, irmão ilegítimo de D. Fernando. Contando com o apoio financeiro dos comerciantes, o Exército liderado por D. João I, chefe da ordem militar de Avis, derrotou as forças inimigas na Batalha de Aljubarrota, em 1385. Posteriormente tais ações políticas foram denominadas Revolução de Avis.
D. João de Avis ascendeu, então, ao trono e completou a centralização do Estado português, aproximando-o da burguesia lusa. Tal situação possibilitou que Portugal reunisse esforços para a Expansão Marítima, que teve como primeira conquista a tomada de Ceuta, no norte da África, em 1415.


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