A ESTRUTURA POLÍTICA DO FEUDALISMO


A ESTRUTURA POLÍTICA DO FEUDALISMO
A palavra feudalismo tem sua origem em feudum, que em latim significa posse ou domínio. Para alguns autores, o feudalismo teve sua origem na França, nos séculos IX e X, e seu desaparecimento deu-se ao longo dos séculos XV e XVI. A estrutura feudal clássica predominou na Europa Ocidental, principalmente em sua porção central, e deve ser compreendida em suas diversas manifestações, sejam elas políticas, econômicas, culturais ou religiosas.
Em geral, a política feudal foi caracterizada pela fragmentação do poder, afinal, as constantes guerras e invasões, bem como as relações de vassalagem e suserania, colaboraram para o enfraquecimento do poder real. Apesar da isolada ação do Império Carolíngio, a descentralização teve sua origem no declínio do Império Romano, quando, gradativamente, o Estado foi concedendo atribuições estatais aos grandes proprietários de terra. A grande extensão do Império levou à implantação dessa situação, mantida após as migrações dos povos germânicos. A diversidade desses povos e os constantes conflitos impediram o retorno à unidade.
Desse modo, os reis que comandavam as monarquias medievais viram seus poderes serem divididos em meio à nobreza proprietária de terras. Ainda assim, a figura do rei era revestida de caráter sagrado; a permanência da cerimônia de sagração do monarca pela Igreja era prova disso. Nessa cerimônia, o monarca era ungido por um óleo, consagrado anteriormente pela autoridade religiosa, que manifestava o elo divino entre o clero e o governo monárquico. A crença, reiterada durante considerável período, na capacidade de cura dos monarcas, mediante o simples toque destes, também atesta essa visão.
As relações entre o Estado e os indivíduos foram substituídas por relações de dependência pessoal. Predominavam os laços de fidelidade entre os homens, colaborando para o enfraquecimento das relações impessoais entre Estado e cidadão. Esses vínculos têm suas origens nas tradições guerreiras dos povos germânicos. Uma delas, o comitatus, era um acordo entre os chefes guerreiros germânicos a respeito da fidelidade na guerra e da divisão dos despojos após as vitórias nas batalhas. Existia também o beneficium, concessão da posse de um lote para remunerar determinado serviço.
Essas tradições difundiram-se pelos reinos medievais e deram origem às relações de vassalagem e suserania. Como já foi dito, o reinado de Carlos Magno colaborou para a expansão dessas relações, visto que, naquele contexto, o monarca distribuía lotes de terra (condados e as marcas) entre os guerreiros que o auxiliavam nas conquistas de novos territórios. Aqueles que passavam a deter direitos sobre essas faixas de terra passavam a ser condes e marqueses, formando-se, desse modo, uma nobreza fundiária.
Após o juramento de fidelidade, constituía-se um laço contratual que unia dois homens livres: o suserano, que contaria com a prestação de serviços militares por tempo determinado, e o vassalo, que recebia o feudo e devia lealdade ao senhor. Aquele que cedia os direitos perdia parte de seu poder político, que era transferido para o vassalo, e, em troca, recebia proteção no caso de guerras.
A expansão desses laços pessoais contribuiu para o enfraquecimento do poder do rei, que passou a ser um suserano, e reforçou os poderes locais. Em seu feudo, portanto, o senhor poderia aplicar a justiça, garantir a proteção e tratar da administração e da fiscalização. Esse contexto reforçou o caráter militar da nobreza medieval, constituída como um grupo dedicado às guerras. Assim, as guerras medievais diferiam das contemporâneas, pois eram disputadas por um grupo restrito da elite, os cavaleiros. A fragmentação política foi característica da maior parte da Alta Idade Média e só começou a ser superada a partir do século XI, momento em que ocorreram os primeiros passos rumo à consolidação dos Estados europeus.

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