A Revolta Constitucionalista de
1932
Em linhas
gerais, a Revolta Constitucionalista de 1932 é compreendida como uma reação
imediata aos novos rumos tomados pelo cenário político nacional sob o comando
de Vargas. Os novos representantes estabelecidos no poder, alegando dar fim à
hegemonia das oligarquias, decidiram extinguir o Congresso Nacional e os
deputados das assembleias estaduais. No lugar das antigas personalidades
políticas, delegados e interventores foram nomeados com o aval do presidente da
República.
A visível
perda de espaço político, sofrida pelos paulistas, impulsionou a organização de
novos meios de se recolocar nesse cenário político controlado pelo governo de
Vargas. O clima de hostilidades entre os paulistas e o governo Vargas aumentou
com a nomeação do tenente João Alberto Lins de Barros, ex-participante da
Coluna Prestes, como novo governador de São Paulo. O desagrado dessa medida
atingiu até mesmo os integrantes do Partido Democrático de São Paulo, que
apoiaram a ascensão do regime varguista.
Além disso,
podemos levantar outras questões que marcaram a formação deste movimento. No
ano de 1931, a queda do preço do café, em consequência da crise de 29, forçou o
governo Vargas a comprar as sacas de café produzidas. Essa política de
valorização do café também ordenou a proibição da abertura de novas áreas de
plantio, o que motivou o deslocamento das populações camponesas para os centros
urbanos de São Paulo.
Os problemas sociais causados pelo
inchaço urbano agravaram um cenário já marcado pela crise econômica e as
mudanças políticas. Talvez por isso, podemos levantar uma razão pela qual a
revolução constitucionalista conseguiu mobilizar boa parte da população
paulista. Mais do que atender os interesses das velhas oligarquias, os
participantes deste movimento defendiam o estabelecimento de uma democracia
plena, onde o respeito às leis pudessem intermediar um jogo político já tão
desgastado pelo desmando e os golpes políticos.
Antes de
pegar em armas, representantes políticos de São Paulo pressionaram para que o
governo Vargas convocasse uma Constituinte e a ampliação da autonomia política
dos Estados. Em resposta, depois de outros nomes, indicou o civil e paulista
Pedro de Toledo como novo governador paulista. Logo em seguida, Getúlio Vargas
formulou um novo Código Eleitoral que previa a organização de eleições para o
ano seguinte. No entanto, um incidente entre estudantes e tenentistas acabou
favorecendo a luta armada.
Em maio de
1932, um grupo de jovens estudantes tentou invadir a sede de um jornal
favorável ao regime varguista. Durante o conflito – que já havia tomado as ruas
da cidade de São Paulo – os estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo
foram assassinados por um grupo de tenentistas. As iniciais dos envolvidos no
fato trágico inspiraram a elaboração do M.M.D.C., que defendia a luta armada
contra Getúlio Vargas.
No dia 9 de julho
de 1932, o conflito armado tomou seus primeiros passos sob a liderança dos
generais Euclides de Figueiredo, Isidoro Dias Lopes e Bertoldo Klinger. O plano
dos revolucionários era empreender um rápido ataque à sede do governo federal,
forçando Getúlio Vargas a deixar o cargo ou negociar com os revoltosos. No
entanto, a ampla participação militar não foi suficiente para fazer ampla
oposição contra o governo central.
O esperado apoio aos insurgentes paulistas
não foi obtido. O bloqueio naval da Marinha ao Porto de Santos impediu que
simpatizantes de outros estados pudessem integrar a Revolução
Constitucionalista. Já no mês de setembro daquele ano, as forças do governo
federal tinham tomado diversas cidades de São Paulo. A superioridade das tropas
governamentais forçou a rendição dos revolucionários no mês de outubro.
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