O CONVÊNIO DE TAUBATÉ – A
VALORIZAÇÃO DO CAFÉ E A SOCIALIZAÇÃO DAS PERDAS
Desde
meados do século XIX que o café havia se tornado o principal produto econômico
nacional, garantindo com sua exportação, principalmente para os EUA, as divisas
necessárias à sustentação do Estado e da própria economia brasileira. Durante
esse período, os cafeicultores conseguiram elevar a produção, principalmente
através da expansão da área plantada.
Entretanto, no ano de 1906, os
preços internacionais do café despencaram, causando preocupação aos
cafeicultores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro sobre os prejuízos
iminentes que sofreriam.
Frente a isso, por iniciativa do presidente do
estado de São Paulo, Jorge Tibiriçá, o Convênio de Taubaté foi convocado
para se encontrar uma política de valorização do café.
Com a
participação do presidente de Minas Gerais, Francisco Sales, e do Rio de
Janeiro, Nilo Peçanha, os presentes ao encontro chegaram a um acordo em 26 de
fevereiro de 1906. Nele, os órgãos do Estado ficariam responsáveis pela compra
do café a um preço mínimo, garantindo a renda dos cafeicultores. O controle de
volume exportado de café ficaria a cargo do Estado, realizando o fluxo para o
exterior de acordo com as variações do mercado, buscando, dessa forma,
controlar os preços internacionais.
Para
garantir essa política de valorização, o Estado contrairia um empréstimo de 15
milhões de libras esterlinas para garantir a viabilidade da proposta. Cobraria
ainda um imposto sobre as sacas de café, com o objetivo de equiparar o valor do
empréstimo realizado. Criar-se-ia ainda uma Caixa de Conversão que tinha como
função manter o equilíbrio de valorização monetária, com o intuito de não fugir
ao controle as consequências da política.
Os resultados
foram positivos logo no primeiro ano, e na década seguinte o lucro conseguido
pelos cafeicultores iria aumentar consideravelmente pela situação de
crescimento da compra do produto no mercado internacional. O Convênio de
Taubaté previa algumas medidas que impedissem a expansão desenfreada da
produção, evitando custos muito altos ao Estado. Mas como eram os cafeicultores
a controlar a máquina estatal, tais medidas não foram seguidas, sendo que a
produção aumentou consideravelmente, tal como as rendas pagas aos agricultores.
Essa política de garantir os lucros privados através de instituições
públicas mostrava a verdadeira função do Estado brasileiro: a garantia
das condições necessárias para a atividade econômica da classe social que o
controlava.
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